"O JORNALISMO É ESSENCIAL PARA A DEMOCRACIA “

 

Nathália Muller presidente da Associação dos Jornalistas de Maricá - foto Kevellyn Candido  2025


                ENTREVISTA  COM  A  JORNALISTA  NATHÁLIA  MULLER

Por  Zola Xavier da Silveira*

 

          Em um ambiente de descontração, o Guaporé Cultural foi recebido em 17/01/2025, pela jovem diretora executiva da revista Maricá Já, Nathália Muller, recém-eleita presidente da Associação dos Jornalistas de Maricá, para nos falar dos desafios dessa sua nova jornada. Aproveitamos a conversa, como não poderia ser diferente, e abordamos as questões das fake news e as ameaças contra a nossa democracia, perpetradas pela extrema direita.

          Jornalista, estudante de publicidade, formada em Roteiro pela PUC do Rio de Janeiro, com especialização em redes sociais,  “porque com esse boom da internet, principalmente na minha geração, eu vi que precisava, por mais que sonhasse em  ser somente jornalista, saber e entender como funcionam as redes sociais.”  Mas confessou que o jornalismo está em seu coração, "é a  minha essência", disse Nathália.

          Quanto ao seu novo compromisso à frente da Associação, Nathália já ouviu vários colegas e identificou alguns problemas reais e as principais reivindicações da categoria. Dessa forma conseguiu ter um norte  e estabelecer as metas prioritárias para os próximos três anos do seu mandato:

Abrigo com cobertura para os eventos

 “Precisamos reservar um espaço adequado  para que os profissionais possam fazer as coberturas dos eventos com tranquilidade. Que os abrigos sejam cobertos e seguros para a proteção dos seus equipamentos, que não são baratos, e não fiquem expostos ao sol e à chuva.  Essa foi uma reivindicação que ouvi bastante.”

Valorização profissional

“É necessário valorizar o trabalho de nossos profissionais da comunicação. Confeccionar uma carteira de identificação, adesivar seus carros para trânsito livre em todos os eventos da prefeitura, objetivando terminar com a burocracia de a cada evento ter uma credencial específica de acesso.”

Confraternização da categoria

“Queremos fazer algumas comemorações ao longo do ano, até mesmo um happy hour, uma descontração fora do trabalho; será uma oportunidade para todos os profissionais se conhecerem, pois, por vezes, acabamos nos conhecendo apenas nas coberturas dos eventos. A gente só consegue crescer quando se une. Quero que nossa gestão seja de união."

 Dia do Jornalista

 “ Vamos conversar com todos os companheiros para comemorarmos o dia do Jornalista - 7 de abril, promovendo um seminário de formação, um workshop sobre posicionamento de rede, de combate as fake news, por exemplo. Poderemos fazer várias discussões nesse dia, com grandes nomes da imprensa, convidar também a Associação Brasileira de Imprensa. Maricá tem um diferencial, é o município que reúne o maior número de profissionais de imprensa da região;  então, precisamos juntar essas pessoas e comemorar o 7 de abril e discutir sobre ele, foi como você falou, Zola, a ABI foi fundada nesse dia, tem toda uma história por trás e muitos de nós  nem conhece, então queremos trazer essa história.

 Museu da Imprensa

 “O Paulo Celestino, o vice da nossa Associação, tem uma ideia extraordinária de se fazer um Museu da Imprensa, procurar reunir um verdadeiro acervo de todos os veículos,  muitos já não existem mais, fazer algumas homenagens a  jornalistas que já faleceram; é importante lembrar dessas pessoas que moveram os pezinhos para que a gente esteja  aqui hoje. Espero que consigamos fazer ainda na nossa gestão, isso é muito importante.”    

          Por ocasião do evento de sua posse na presidência da entidade, Nathália foi bastante enfática em defesa da democracia, refletindo o clima da atualidade, não apenas do Brasil mas também em grande parte do mundo. Voltando a nossa entrevista, aproveitamos para ouvi-la sobre esse dramático tema e o  papel dos jornalistas nesse processo.  

“Desde que o mundo é mundo os comunicadores formam opiniões, podendo derrubar um governo ou eleger um governo facilmente, através de matérias, dos artigos e das reportagens. Temos essa responsabilidade de formar opinião e, a partir disso, a gente tem um grande papel. O jornalismo é essencial para a democracia. Atualmente, com as mídias virtuais, acho que falta muito dessa responsabilidade, todo mundo se acha jornalista e isso é ruim pois não se enxerga a responsabilidade que temos diante da nossa sociedade.”

          Ao ser indagada sobre como fazer um combate frente a essa avalanche de fakes news, Nathália foi taxativa:

“O nosso papel é continuar  exercendo a nossa profissão do jeito que tem que ser. O maior combate que podemos fazer é continuar atuando com competência, ética e responsabilidade, publicando matérias com fontes verificadas, confiáveis e responsáveis Hoje, com a internet, as informações circulam muito rapidamente, então já passou do nosso limite de controle. Eu acredito que  possa ter alguma ação do governo, uma legislação regulamentando, pois  estamos sem mãos para poder controlar isso. O que se vê é muita desinformação, muitas fake news, mas tem muita gente que ainda procura fontes sérias, informações verídicas;  então, acho que é preciso seguir nessa linha, fazendo o nosso trabalho da melhor forma. Infelizmente,  vejo que tem muitos portais de notícias que estão indo nessa onda, recebem informações distorcidas e não verificam a veracidade e postam em suas redes.”

          Outro tema abordado durante a nossa entrevista foi o encaminhamento ao Congresso Nacional de projeto de lei do  governo federal para regulamentar as mídias virtuais. Muitos parlamentares alegam que trata-se de censura aos meios de comunicação. Sobre isso, Nathália não hesitou em afirmar:

“Quando se faz um jornalismo com seriedade, com ética, você não vai se preocupar com isso; já passou dessa questão de censura. Já é  uma questão de responsabilidade mesmo, com as pessoas, com a sociedade, com o que estamos criando para as novas gerações.  Obviamente que a regulamentação das mídias tem que ser feita de forma que não vá prejudicar os jornalistas de publicarem as suas matérias . O jornalista que publica as matérias com seriedade, com ética, ele vai continuar publicando, isso não tem que ser uma preocupação. Quem tem que se preocupar são aquelas páginas na internet que compartilham fake news, que postam vídeos com inteligência artificial; essas pessoas, sim, é que vão se preocupar; nós que trabalhamos com responsabilidades não temos nada a temer.”


  Zola Xavier e Nathália Muller durante a entrevista  -  foto Equipe Maricá Já - 2025


 Revista Maricá Já

          Ao indagarmos sobre a Revista Maricá Já, Nathália  fez questão de frisar que: "o maior objetivo do nosso trabalho na  Revista é justamente preservar a nossa história, eternizar as pessoas, perpetuar acontecimentos. Como por exemplo, o primeiro ônibus vermelhinho que rodou na cidade, eu lembro disso, as primeiras pessoas que receberam o Cartão Mumbuca, a transformação da nossa rodoviária, as inúmeras escolas  que foram inauguradas nesse período em Maricá. Quando falamos da revolução em Maricá, do crescimento da nossa cidade, que vários jornalistas registraram ao longo desse processo, sabemos que muita gente nem sabe como se chegou a tudo isso. Sem dúvida, o Museu da Imprensa vai ajudar muito nesta questão. É justamente para as próximas gerações de comunicadores saberem que existiu uma história por trás e se inspirarem através do trabalho dos jornalistas que cobriram todos essas mudanças em nossa Maricá. Contar tudo isso é muito importante.

          Finalizando a entrevista, Nathália ainda acrescentou: "Muito obrigada, Zola, fique sempre muito à vontade para fazer uma visita aqui na Maricá Já, tomar um café, trocar um papo, também  indicar nossa revista para os leitores do Guaporé Cultural; temos um site onde  todas as edições estão disponíveis em PDF. Enfim, muito obrigada pela oportunidade, achei muito legal esse nosso bate papo e vai ser muito legal também contar com você nessa construção."


Foto extraída do Site da Gazeta de Maricá

Composição da Diretoria da Associação dos Jornalistas de Maricá para o triênio 2025/2027.

Presidente  - Nathália Muller

Vice – Presidente  -  Paulo de Almeida Celestino

Primeiro Secretário  - Tiers Rangel

Segundo Secretário  -  Carlos Oberlan

Primeiro Tesoureiro  -  Vinícius Martins Manhães de Carvalho

Segundo Tesoureiro -  Kevellyn Candido

Diretora de Cultura - Helena  Rosely Fagundes Pellegrino

Diretora de Formação - Alba Valéria Teixeira de Almeida

Diretor de Comunicação - José Pery Faria do Brasil

Diretor de Relacionamento Institucional  - Fabiano Medina

Diretor Jurídico - Willian Martins Chaves

Diretor de Marketing e Mídias Sociais - Carlos Oberlan Bravo de Oliveira

 

Conselho de Ética

Francisco José Lemos de Carvalho

Michael Brugger

Alexandre Ducoff


* Jornalista

Idealizador e produtor do documentário "Caçamba Cutuba - a história que Rondônia não escreveu", 2019.

Autor do livro "Uma Frente Popular no Oeste do Brasil" Editora Aquarius , 2023.

 

 




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