82 anos da criação do Território Federal do Guaporé, atual estado de Rondônia
Por Zola Xavier da Silveira*
Rondônia possui uma área de 343 mil e 44 quilômetros quadrados, de terras muitíssimo próprias para a agricultura e a pecuária. Seu subsolo é rico de diamantes, ouro, cristal de rocha e principalmente o importante minério de estanho, a cassiterita, do qual Rondônia já é hoje o maior produtor no Brasil. **
Com uma população estimada em oitenta mil habitantes o Território ainda é escassamente povoado.
A construção da BR – 29 veio abrir para o meu Território as mais risonhas perspectivas e as mais fabulosas possibilidades de progresso e desenvolvimento e cabe aqui o apelo ao Senhor Presidente da República e ao Senhor Ministro da Viação para que intensifiquem os trabalhos da estrada a fim de que o tráfego se processe durante o ano inteiro, trazendo a felicidade àquelas áreas de Rondônia.
Cabe assim Sr. Presidente, o registro que ora faço desta tribuna como uma homenagem ao meu Território, ao seu povo e a todos aqueles que, sem distinção de cor política ou partidária, muito têm feito pelo seu progresso, nesta data magna da sua criação.
Era o que tinha a dizer". (Diário do Congresso Nacional 14 de setembro de 1963)
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Em pé Renato Medeiros e a sua esquerda Joaquim Rondon - foto gentilmente cedida pela família |
Negro, médico, músico, amante do futebol e socialista, Renato Medeiros foi a principal liderança da Frente Popular. Por duas vezes ocupou uma cadeira na Câmara Federal. A primeira, por conta do pedido de licença do deputado federal Joaquim Vicente Rondon, assume na condição de suplente o mandato entre os meses de agosto e novembro de 1957. A outra ocasião foi quando elegeu-se Deputado Federal no pleito de 03 de outubro de 1962.
No parlamento manteve-se ao lado de Leonel de Moura Brizola defendendo as Reformas de Base do governo do presidente João Goulart. Com o golpe civil militar de 1º de abril de 1964 foi incluído na primeira lista dos cassados, o que acarretou a perda de seus direitos políticos por dez anos e também sua demissão do quadro de servidores do então Território Federal de Rondônia.
Desempregado, Renato e sua família mudaram-se para a cidade de Jacareí-SP, onde abriu consultório e foi trabalhar na Santa Casa de Misericórdia. Em 1973 voltou a morar em Porto Velho, reabrindo seu consultório, mas não retornando a atuar no serviço público. Com a Constituinte de 1988, Renato Medeiros foi anistiado e seu mandato de Deputado Federal foi, simbolicamente, devolvido.
João Renato Medeiros, Antonio Serpa do Amaral Filho, Zola Xavier da Silveira e Anísio Gorayeb Filho - foto Somos +
Em 13 de setembro de 2019, no Teatro Guaporé, na capital Porto Velho, após a exibição do documentário Caçambada Cutuba - a história que Rondônia não escreveu, o professor João Renato Medeiros leu o documento que sua família recebeu da Câmara dos Deputados devolvendo simbolicamento o mandato de seu avô.
Marco Maia
Presidente da Câmara dos Deputados".
A tragetória política de Renato Medeiros deu corpo e alma à Frente Popular, amalgamou um sentimento de unidade das forças populares, foi o divisor de águas na luta contra a oligarquia dominante durante os idos do Velho Território Federal de Rondônia.
* Jornalista
Produtor do documentário "Caçambada Cutuba - a história que Rondônia não escreveu" 2019.
Autor do livro "Uma Frente Popular no Oeste do Brasil" Editora Aquarius 2023.
** Grifo do autor
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