FESTIVAL INTERNACIONAL DE TRIBOS DO ALTO SOLIMÕES - FESTISOL
Por Zola Xavier da Silveira
Na Amazônia, no epicentro da América do Sul é realizado um rico e genuíno Festival de músicas e folclore, onde são apresentadas diversas manifestações culturais de tribos indígenas dos três países fronteiriços, Brasil, Colômbia e Peru.
Por ocasião de sua recente passagem pela cidade do Rio de Janeiro, estivemos com um de seus mais atuantes componentes, o ambientalista e músico Jerry Alves Grandis, que num papo bastante agradável e revelador, nos falou sobre este festival amazônico. Jerry, que além de ser presidente de uma das agremiações, a Onça Preta, também é um de seus compositores e o seu cantor dentro da arena. Ele nos explicou que a agremiação Onça Preta tem em uma de suas alas a participação exclusiva dos Índios Ticunas. A outra agremiação, denominada Onça Pintada, em sua ala reservada para os índios, é composta com os remanescentes da tribo Omaguás, que infelizmente encontra-se em extinção.
Jerry Grandis lamenta a sua interrupção, “A cidade cresceu muito em função do festival por ser uma forte atração turística. Infelizmente por conta da pandemia estamos há dois anos sem o espetáculo, e a cidade que durante o festival ficava com os hotéis todos lotados, está sofrendo bastante com a perda de muitos empregos para a sua população."
- O Peru e a Colômbia também participam do FESTISOL?
“Sim, eles também participam com os seus índios, pois são todos da região Amazônica, além do que, eles trazem seus produtos para serem vendidos durante o festival. Outra atração turística que temos é a rica culinária de origem peruana. Existe um contato muito direto com os colombianos e os peruanos, numa união amigável muito grande. Dificilmente você encontrará alguém em Tabatinga que não tenha um parente colombiano ou peruano, porque ali é uma região caracterizada por uma forte miscigenação”.
E prossegue Jerry:
“Na Colômbia eles também tem seu festival Internacional de Música, chama-se El Pirarucu de Ouro, que acontece há mais de 24 anos, aberto para quem quiser participar, e o Brasil sempre participa; inclusive eu ganhei o terceiro lugar como intérprete e um segundo lugar com letra e música. Estou buscando o “Pirarucu de Ouro" que é um pingente todo de ouro. Já tenho o de Prata conseguido com a música Samaúma, que é a maior árvore da Amazônia e ela representa, dentro da cultura Ticuna, a lenda do aparecimento da luz do sol, pois sua sombra impedia a passagem da luz. Conta-se que dois irmãos Ticunas, o Dioi e Ipi, começaram a jogar pedra na samaumeira tentando atingir uma preguiça e assim eles conseguiram abrir um buraco na sua enorme copa e com isso apareceu o sol."
Continuando, Jerry nos conta: "Uma das coisas que é bom deixar claro para todo o nosso país, é que Tabatinga é uma cidade totalmente diferente daquilo que às vezes é falado pela mídia. Lá, temos os campi das Universidades Estadual e Federal do Amazonas, bem como também o Instituto Federal do Amazonas. Praticamente Tabatinga é uma cidade universitária.”
E assim concluiu Jerry Grandis, fazendo este chamamento: “Tabatinga é uma cidade que está de portas abertas; quem conhece aprende a amá-la”.
Serviço: O programa Vozes da Amazônia, sempre aos domingos de 14 a 15 horas na rádio Búzios ( radiobbmusic.com ), leva para todo o planeta, as canções que representam o universo da grande floresta, com as suas lendas, sua biodiversidade, seus costumes e o cotidiano de seus povos.
Gratidão amigo pela relevante contribuição e incentivo aos fazedores culturais e guardiões da nossa rica Floresta Amazônica.
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