FESTIVAL INTERNACIONAL DE TRIBOS DO ALTO SOLIMÕES - FESTISOL

Por Zola Xavier da Silveira


Na Amazônia, no epicentro da América do Sul é realizado um rico e genuíno Festival de músicas e folclore, onde são apresentadas diversas manifestações culturais de tribos indígenas dos três países fronteiriços, Brasil, Colômbia e Peru.

Por ocasião de sua recente passagem pela cidade do Rio de Janeiro, estivemos com um de seus mais atuantes componentes, o ambientalista e músico Jerry Alves Grandis, que num papo bastante agradável e revelador, nos falou sobre este festival amazônico. Jerry, que além de ser presidente de uma das agremiações, a Onça Preta, também é um de seus compositores e o seu cantor dentro da arena. Ele nos explicou que a agremiação Onça Preta tem em uma de suas alas a participação exclusiva dos Índios Ticunas.  A outra agremiação, denominada Onça Pintada, em sua ala reservada para os índios, é composta com os remanescentes da tribo Omaguás, que infelizmente encontra-se em extinção.




O festival que existe há sete anos é realizado no final do mês de agosto, com a duração de cinco dias, dois destes são reservados para as apresentações das duas Onças. Segundo Jerry Grandis, sua criação foi uma iniciativa da prefeitura da cidade de Tabatinga - AM durante a gestão do prefeito Saul Nunes Bemerguy. Os espetáculos mostram os rituais das tribos indígenas que ainda se encontram nas regiões vizinhas, embalados pelas músicas que falam da importância da preservação do meio ambiente e dos povos da floresta.

Jerry Grandis lamenta a sua interrupção, “A cidade cresceu muito em função do festival por ser  uma forte atração turística. Infelizmente por conta da pandemia estamos há dois anos sem o espetáculo, e a cidade que durante o festival ficava com os hotéis todos lotados, está sofrendo bastante com a perda de muitos empregos para a sua população."  

- O Peru e a Colômbia também participam do FESTISOL?

“Sim, eles também participam com os seus índios, pois são todos da região Amazônica, além do que, eles trazem seus produtos para serem vendidos durante o festival. Outra atração turística que temos é a rica culinária de origem peruana. Existe um contato muito direto com os colombianos e os peruanos, numa união amigável muito grande. Dificilmente você encontrará alguém em Tabatinga que não tenha um parente colombiano ou peruano, porque ali é uma região caracterizada por uma forte miscigenação”. 

E prossegue Jerry:  

“Na Colômbia eles também tem seu festival Internacional de Música, chama-se El Pirarucu  de Ouro, que  acontece há mais de 24 anos,  aberto para quem quiser participar, e o Brasil sempre participa;  inclusive eu ganhei o terceiro lugar como intérprete  e um segundo lugar com letra e música. Estou buscando o “Pirarucu de Ouro" que é um pingente todo de ouro.  Já tenho o de Prata conseguido com a música Samaúma, que é a maior árvore da Amazônia e ela representa, dentro da cultura Ticuna, a lenda do aparecimento da luz do sol, pois sua sombra impedia a passagem da luz. Conta-se que dois irmãos Ticunas,  o Dioi e Ipi, começaram a jogar pedra na samaumeira tentando atingir uma preguiça e assim  eles conseguiram abrir um buraco na sua  enorme copa e com isso apareceu o sol."  

 

Continuando, Jerry nos conta: "Uma das coisas que é bom deixar claro para todo o nosso país, é que Tabatinga é uma cidade totalmente diferente daquilo que às vezes é falado pela mídia. Lá, temos os campi das Universidades Estadual e Federal do Amazonas, bem como também o Instituto Federal do Amazonas. Praticamente Tabatinga é uma cidade universitária.” 

E assim concluiu Jerry Grandis, fazendo este chamamento: “Tabatinga é uma cidade que está de portas abertas; quem conhece aprende a amá-la”.


Na foto: Zola Xavier da Silveira e Jerry Alves Grandis, em Copacabana - Rio de Janeiro - 2021 


Serviço: O programa Vozes da Amazônia, sempre aos domingos de 14 a 15 horas na rádio Búzios ( radiobbmusic.com ), leva para todo o planeta, as canções que representam o universo da grande floresta, com as suas lendas, sua biodiversidade, seus costumes e o cotidiano de seus povos.


Comentários

  1. Gratidão amigo pela relevante contribuição e incentivo aos fazedores culturais e guardiões da nossa rica Floresta Amazônica.

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